Uso das ferramentas para digitalizar negócios virou uma questão de sobrevivência na pandemia.
A aceleração da transformação digital vista em 2020 é sem precedentes na história. Com a crise sanitária que gerou inúmeros reflexos na economia, o uso da tecnologia para digitalizar negócios virou uma questão de sobrevivência, e em alguns casos necessidade também para o poder público, que viu-se obrigado a criar alternativas para atender as demandas da população com segurança, com o uso da telemedicina, por exemplo.
Passados mais de seis meses, acredito que é fundamental todos refletirmos sobre os novos paradigmas. Apesar das inúmeras vidas que foram perdidas, acredito que de um momento de crise a sociedade sai transformada, e na maioria das vezes, fortalecida.
Uma nova realidade se apresenta, com novos processos, novas formas de tratar relações com clientes, de encarar a adoção de tecnologia. Essas mudanças já estão tendo um papel importante na retomada da economia que começa a dar sinais. Nesse aspecto, Santa Catarina é muito favorecida.
O estado tem uma indústria e polos de tecnologia diversificados, tanto na matriz de atuação das empresas como na distribuição geográfica – hoje temos polos bem desenvolvidos no quatro cantos do estado – o que facilita para que as indústrias busquem nos polos tecnológicos apoio para que se recuperem rapidamente e que a sociedade consiga retomar as atividades econômicas com segurança.
O setor de tecnologia tem um papel fundamental nessa retomada, como afirmou recentemente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citando o lançamento do PIX e do open banking. O setor está aquecido, e até mesmo algumas empresas que enfrentaram dificuldades no início da pandemia conseguiram se reestruturar e voltar a crescer. Um exemplo é o da startup Asksuite, participante do MIDITEC, incubadora da ACATE em parceria com o SEBRAE/SC.
A empresa desenvolve uma plataforma de vendas diretas e atendimento para hotéis, segmento altamente impactado pela crise. No mês de março, a Asksuite precisou fazer demissões e buscar crédito de forma preventiva com apoio do Fundo Garantidor ACATE. O recurso permitiu que a startup se mantivesse no início da crise e deu segurança para que os sócios buscassem investimentos para a internacionalização. Seis meses depois, a empresa recebeu um aporte de R$ 4 milhões do fundo de venture capital Abseed, voltou a contratar, e vai investir em melhorias no produto e internacionalização da empresa.
Outro exemplo é o da startup Equilibrium, que cresceu durante a crise por atuar no setor de logística, e recebeu recentemente um investimento de R$ 1 milhão por parte da Invisto, hub de investimentos em venture capital que atua na região Sul do país.
Acredito também que é um momento de refletirmos sobre alguns problemas agudos que existem em nosso país que foram escancarados pela crise, como a falta de mão de obra qualificada para o setor de tecnologia. Enquanto milhares de pessoas sofrem com o desemprego, sobram vagas no setor de TI, posições que poderiam ser preenchidas se existissem políticas públicas em parceria com a iniciativa privada e sociedade civil para capacitar mais pessoas desde o Ensino Médio, criando assim possibilidade de carreira na área para os jovens.
Esse gargalo que já é sentido pela empresas de tecnologia há tempos ficou ainda mais evidente na retomada econômica, não só pelas vagas disponíveis abertas com dificuldade de preenchimento, como também pela nova dinâmica da força de trabalho, na qual muitas empresa descobriram que é possível fazer trabalho remoto, e os profissionais capacitados estão revisitando a forma de trabalhar.
Nesse aspecto, quem está qualificado fica ainda mais em vantagem, pois agora pode trabalhar para qualquer empresa do mundo sem precisar sair de casa, o que pode agravar ainda mais o problema de mão de obra para o setor.
Um último aspecto, não menos importante, é não caminharmos para trás nos aprendizados que vieram com a pandemia. É fundamental que nessa retomada, a consciência de cada um com a sua saúde e para com o próximo, ou seja, manter o uso da máscara e outras medidas de segurança para não se contaminar e proteger outras pessoas.
Vivemos em sociedade, e é fundamental que todos possamos ampliar o grau de empatia, entendo que a sociedade só se fortalece com cooperação e responsabilidade de todos.
Via: nsctotal